A importância da Comunicação Científica e do Acesso Aberto, parte 1

. 23 de Abril de 2024

Um dos últimos relatórios da CORDIS (Community Research and Development Information Service), órgão disseminador de investigação da Comissão Europeia, publicado no início deste ano, debruçou-se sobre os resultados de comunicação de ciência de alguns dos projetos de comunicação de ciência que estão a ser mais recentemente desenvolvidos.  Entre as principais conclusões estão a importância de capacitar os cidadãos na discussão pública da ciência, garantir a sua participação ativa, em linha com o paradigma do engajamento público, além da promoção da transparência e confiabilidade científica.

A eficaz comunicação de ciência não só desempenha um papel crucial na construção da confiança entre a ciência e a sociedade, mas também enrobustece a cidadania interventiva diante decisores sociais e políticos, promovendo a construção de uma sociedade bem informada e engajada, base para uma democracia resiliente diante dos desafios globais.

O relatório aponta a necessidade de abordar questões como:

  • o combate à desinformação
  • o engajamento do público na ciência
  •  a alfabetização científica
  • o fomento de um pensamento crítico entre o público

Que visam capacitar os cidadãos a participarem de discussões e escolhas políticas informadas sobre questões científicas. São apresentadas iniciativas inovadoras, como o desenvolvimento de ferramentas digitais para avaliar a confiabilidade das informações online, meios eficazes para promover uma cultura de verificação e validação de dados, autênticos “polígrafos”. Diante de uma sociedade cada vez mais digital, são necessárias práticas inovadoras, como laboratórios de cocriação e reflexão, que estimulem o diálogo e questionem pressupostos para um futuro melhor.

Como primeiro passo para conseguir envolver os cidadãos em discussões científicas, é preciso fornecer as ferramentas e as habilidades necessárias para formular as perguntas pertinentes, interpretar os dados e chegar às suas próprias conclusões. Para isso, o documento destaca a importância do acesso aberto à ciência (diretriz que que é um dos pilares da política da União Europeia para a ciência), à treinamentos em comunicação científica, bem como a criação de políticas e ferramentas que visem capacitar futuros profissionais na área.

O projeto COALESCE visa agregar a publicação conjunta da conclusão da série de projetos que são colocados em destaque. Coordenado pela Erasmus University Rotterdam (Países Baixos). Objetiva fortalecer as conexões entre acadêmicos, jornalistas, formuladores de políticas e cidadãos, dentro e fora da União Europeia. Reconhece a importância da comunicação científica como um elo vital entre a academia e a sociedade, capacitando-a para compreender e reivindicar soluções acerca de questões mais complexas como saúde, ambiente, alimentação, entre outros. Busca enfrentar desafios como a desinformação, a fragmentação dos media e a polarização de opiniões em relação ao discurso científico, promovendo um acesso mais amplo e eficaz ao conhecimento científico através de uma biblioteca de recursos, ferramentas e manuais, traduzidos e abertos, de forma irrestrita, a um publico alvo alargado. A sua meta mais arrojada é estabelecer um Centro de Comunicação Científica Académica, coordenado por um Centro de Competências com representantes nacionais e regionais por toda a Europa, proporcionando formação em comunicação científica tanto através de autoaprendizado como ministrado por especialistas das áreas.

Na segunda parte deste artigo, a publicar brevemente, viremos a apresentar um breve resumo dos vários projetos citados no relatório, que se estão a agrupar sob o “guarda-chuva” do “COALESCE”, na viabilização desta rede de dimensão europeia.

 

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Sobre o Autor ()

É membro da equipa do Gabinete de Gestão de Informação Científica, Repositórios e Ciência Aberta da Unidade de Serviços de Documentação e Bibliotecas da Universidade do Minho desde novembro de 2023. Aficionado por comunicação de ciência, ciências da informação e, obviamente, ciência aberta.

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